UM PAR DE DENTES
JAMAIS ABOLIRÁ
A LIBERDADE
(ou da poesia do que surge do desconhecimento de uma língua)
(ou da poesia do que surge do desconhecimento de uma língua)
10/09.21:04 |
Debaixo da amoreira Maria colhia miozótis. Tinha formiga passeando por entre as folhas. Tinha gotinhas de chuva de ontem. Ela brincava com flores enquanto no fundo da casa eles gritavam. Assim aprendeu a falar cada dia mais baixo. Até que chegou um dia em que só as flores conseguiam ouvi-la. |
29/04.00:08 |
Mairo não estava cansada de andar quando foi trazida para casa. Seus sapatos brancos, lustrados, pareciam um misto de terra e cera em contraste com o vestido que usava - cor de rosa e impecável - ao sair de casa. Quando chegou em casa, não pensava na bronca que levaria pela terra nos sapatos novos, mas sorria . Pensava na sua nova descoberta: o pássaro gosta de comer grãos de bolo. Sorria. O olhar daquela mulher grande parececia uma pintura no meio da paisagem decorada à luz de um dedo detalhista. [Puxa, que lindo!] pensava a menina, [que lindo!]. No dia seguinte, de tanto correr, rasgou o vestido. Chegando em casa, silêncio. Dois olhos enormes. Dessa vez Mairo não tinha descoberto nada. Era dia de chuva e os pássaros não apareceram. Sem descobertas, descobriu aquele olhar. Sentiu uma dor imensa e nunca mais amarrotou o vestido ou sujou os sapatos de sair. |
Este blog está LENTO.
Esse blog traz a série «Álbum» e «Retratos» da coluna do Historietas da revista virtual Laboratório Pop, que atualmente está fora do ar. Ali estavam outros grupos como «Trem». E aqui há o grupo «Luz» que não está ali. Textos maiores estão na coluna Amimurgaletra do Pílula Pop.